Denominados “aposta” em matéria do G1 por fazer parte do cast de um dos festivais mais importantes do mundo o Rock in Rio, o site resolveu entrevistar um dos integrantes da banda. A entrevista se realizou em dezembro do ano passado, e ela revela que o metal brasileiro também os influenciam:
Por Henrique Porto – G1 Rio de Janeiro
Se no ano passado os mascarados do Slipknot surpreenderam com um show fora dos padrões no Rock in Rio, uma outra banda, que também traz integrantes encapuzados e não identificados, tem tudo para causar efeito parecido na próxima edição do festival: são os suecos do Ghost, sombrio sexteto formado por músicos autodenominados “Nameless Ghouls” (ou “bestas sem nome”, em português), liderados pelo satânico Papa Emeritus.
G1 — Há algum nome pelo qual posso chamá-lo?
“Nameless Ghoul” — Não (risos).
G1 — Pode, ao menos, dizer se você é o baterista, um dos guitarristas ou o vocalista da banda?
“Nameless Ghoul” — Sou um dos guitarristas (risos).
G1 — Como surgiu o Ghost?
“Nameless Ghoul” — Basicamente da mesma maneira como todas as bandas são formadas. A única diferença é que viemos de uma cidade na Suécia (risos).
G1 — Que tipo de artistas inspiraram a banda?
“Nameless Ghoul” — Artistas performáticos, como Alice Cooper, Kiss e David Bowie. São os mais teatrais do planeta, eu acho. Se bem que também considero bastante teatral o que o que os Rolling Stones fizeram numa determinada época. Qualquer ideia fora dos padrões, sobrenatural, é o que realmente inspira a banda. Muito dessa coisa sombria e religiosa contida nos elementos mais ásperos da música vem do death metal e do doom metal. Mas, basicamente, o som do Ghost vem da combinação de classic rock com metal alternativo. Porclassic rock entenda tudo o que compõe a seção “rock” das lojas de discos: de Beatles a Sisters of Mercy. Falando de bandas brasileiras, gostamos muito do Sarcófago, Holocausto, Sepultura, MX e coisas assim.
G1 — De onde veio a ideia de gravar uma versão de “Here comes the sun”, dos Beatles? Parece algo bem diferente da proposta da banda…
“Nameless Ghoul” — Essa música, em sua versão original, traz uma mensagem de esperança muito forte, algo acalentador sobre a chegada da primavera e os dias melhores que ela pode proporcionar. É uma canção alegre em muitos sentidos. Então fica fácil inverter isso. Basicamente transpusemos a canção para acordes menores, o que a transforma numa canção bem mais sombria, mesmo mantendo a letra original. É divertido fazer covers de bandas que não seriam exatamente as primeiras opções para uma banda de metal (o grupo costuma tocar ao vivo uma versão de “I’m a marionette”, do ABBA). Mas a temática dessas músicas, muitas vezes religiosa, se encaixa muito bem com o que fazemos.
G1 — Vivemos na era das celebridades, onde a notoriedade se transformou no maior objetivo. Vocês vão de encontro à essa ideia…
“Nameless Ghoul” — Acreditamos que os sentimentos que queremos despertar nas pessoas, durante nossos shows, devem ter relação direta com a maneira com que nos apresentamos. E essa percepção fica ainda mais forte se não houver nenhum tipo de identidade ou individualidade. Ao mesmo tempo, estamos executando canções, e há muita indivudualidade nisso. Mas o foco não é em quem somos ou no que fizemos na última semana. O que dizemos é o que mostramos ao público. Mas é difícil explicar. Porque todo mundo presume que seja apenas um golpe de marketing. Agora transformou-se num golpe de marketing, porque voltou-se a nosso favor. Mas não é esse o real significado para as pessoas que ouvem nossa música.
G1 — Você já conheceu alguém que realmente teve medo da banda?
“Nameless Ghoul” — Bem, há ocasiões realmente bem esquisitas (risos). Certa vez, o diretor de palco de um festival do qual participamos caiu no choro quando nos viu. Era um homem muito religioso, sentia que estávamos fazendo algo errado. Chorou praticamente durante todo o tempo em que permanecemos no palco. Nunca vi nada parecido. Às vezes também há protestos, mas nada que realmente afete a banda. Mas é uma pena, pois acho que coisas assim tiram o foco do que fazemos.
G1 — A apresentação no Rock in Rio será a primeira da banda no Brasil. Qual a expectativa com relação aos fãs brasileiros?
“Nameless Ghoul” — Acho que vai ser incrível. Já queríamos ir à América do Sul há um bom tempo. Desde que começamos, temos recebido muito apoio dessa parte do planeta. Mas é muito difícil de ir até aí, porque é muito longe. No caso de uma banda como a nossa, é mais difícil ainda, porque são necessárias uma série de providências (risos). Além disso, ainda não havíamos tido uma oportunidade grandiosa como esta. Tocar no Rock in Rio é obviamente uma grande honra. É um festival clássico. Até onde eu sei, somos a primeira banda sueca a tocar no evento.
G1 — Como será o show por aqui?
“Nameless Ghoul” — Será muito especial. Bem mais produzido e nada comparável aos trechos de nossos shows publicados no YouTube. O que se vê na internet é apenas um fragmento do que pretendemos mostrar no ano que vem. Vai ser diferente e muito interessante.
Matéria original: http://g1.globo.com/musica/rock-in-rio/2013/noticia/2012/12/aposta-do-rock-rio-ghost-tem-musicos-encapuzados-sem-nome.html