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Unearthly: A perfeição sublime da música extrema!

Postado em outubro 7th, 2012 @ 11:09

Por: Julio Marcondes

O Unearthly acaba de lançar seu mais novo álbum “Flagellum Dei” – aqui no Brasil pela Shinigami Records, e já pode ser considerado um clássico da música extrema, pois conta com todos os elementos necessários para isso: músicas que são verdadeiros petardos, gravação nítida e absurdamente pesada, produção poucas vezes vistas num álbum do estilo – feita pelos irmãos Wieslawski na Polônia, apresentação gráfica magistral em formato digipack, além da parte visual da banda meticulosamente cuidada e divulgação altamente profissional. “Flagellum Dei” mostra que é possível uma banda brasileira fazer um trabalho grandioso e no mesmo patamar, até superior, que os lançamentos internacionais, para isso bastam vontade e trabalho sério.

Assim, a SHOCK BOX não poderia deixar de entrevistar a banda e fui prontamente atendido por M. Mictian (baixo) e Eregion (guitarra e vocal), completam a horda Vinnie Tyr (guitarra) e Rafael Lobato (bateria). Agora, confira tudo que rolou:

SHOCK BOX: Eu vou seguir o mesmo estilo da entrevista que eu fiz com a banda Shadowside, pois eu percebi que as duas bandas apesar de serem diferentes musicalmente, seguiram um caminho muito parecido para o lançamento dos novos álbuns, por isso acho válido seguir o mesmo esquema, ok?

M. Mictian: Ok!

Eregion: Vamos lá!

SHOCK BOX: Com o lançamento de “Flagellum Dei” o Unearthly começa uma nova etapa na carreira. O que foi o Unearthly até aqui e o que a banda espera para depois dele?

M. Mictian: Muito trabalho, muita divulgação, no momento estamos muito focados em mostrar nosso nome, nossa música lá fora e obter mais espaço, para que em breve possamos fazer uma tour grande fora do país.

Eregion: Exatamente, acreditamos que o caminho é esse, trabalho e mais trabalho.

SHOCK BOX: Fiquei muito impressionado com a qualidade do novo álbum, além das músicas, de todo cuidado que a banda teve com a gravação, com a parte gráfica e tudo que envolve “Flagellum Dei”. Gostaria de saber como a banda tratou este lançamento.

Eregion: Tratamos desse álbum como um filho, desde a gestação, na parte minuciosa pra compor as músicas, as dobras de guitarra, os temas abordado nas letras, além de uma maneira de fazer com que esse álbum seja mais intimista e intimidador, para quem ouve a primeira vez se sentir impressionado com som, e para quem compra o CD, lê as letras e o encarte, se sentir parte daquele universo.

M. Mictian: A cada lançando novo do Unearthly procuramos sempre fazer o melhor e nos superar e desta vez não foi diferente, sabíamos que o “Age Of Chaos” (álbum de 2009) repercutiu muito bem e teríamos que superá-lo então demos o máximo de nós na hora de compor, arranjar, escrever as letras e produzir o encarte, nos dedicamos quase que integralmente para o “Flagellum Dei”.

SHOCK BOX: “Flagellum Dei” acaba de sair no Brasil pela Shinigami Records e também será lançado em outros lugares, como está acontecendo estes lançamentos, em quais países e se a banda já tem alguma resposta dos fãs ou imprensa?

Eregion: Hoje estamos com mais dois lançamentos programados, um no Peru, pela gravadora Undermetal Recs., e estamos nos acertos finais com uma grande gravadora européia, que infelizmente ainda não posso divulgar, fora isso o lançamento no Brasil tem nos surpreendido, o volume de vendas está sendo realmente bom, e todas as críticas relacionadas ao álbum tem sido as melhores possíveis.

SHOCK BOX: Quanto ao processo de composição, como funciona o processo de composição do Unearthly, existe algum cuidado a ser tomado neste momento, uma direção a ser seguida, ou a banda deixa rolar?

M. Mictian: Procuramos fazer sempre o que nos agrada, tocamos e compomos o que gostamos de ouvir, mas sempre cuidamos bem desta parte tentamos algo a frente do que já fizemos, sem nos repetirmos e nos auto-plagiarmos.

Eregion: Antes a direção ficava mais a cargo do Mictian, mas nesse disco ficou mais a meu e do Vinnie, e é claro com Mictian, mas nada foi feito somente com nossas duas opiniões, tudo que está no disco está de pleno acordo com nós quatro, se um apenas não concordasse com alguma coisa nós a refazíamos até estar 100%.

SHOCK BOX: Qual o significado do título do álbum “Flagellum Dei” para a banda e sobre as letras, num geral o que elas abordam?

Eregion: “Flagellum Dei”, significa flagelo de Deus em latim. Tem até uma história sobre Átila – O Huno, que tinha esse “título” pensei em escrever alguma coisa sobre ele quando tive a idéia desse título pro disco, mas depois achei melhor não, a nossa ideologia sempre foi o anti-cristianismo, o ateísmo, satanismo e etc. Então desenvolvi temas relacionados a esse assuntos, a partir do ponto de vista da revolta/rebelião do homem contra a religião. De uma maneira geral as letras giram em torno disso, mas cada uma a seu ponto de vista, fora isso procurei trabalhar as letras de maneira mais poética do que de maneira exatamente “agressiva” expurgada, todas tem um conteúdo lírico mais profundo.

SHOCK BOX: Alguma curiosidade sobre as letras, sempre tem uma que dá um pouco mais de trabalho, houve alguma? Qual foi a “trabalhosa” e por quê?

Eregion: O mais difícil foi chegar aos temas, depois de achar um assunto interessante e que tivesse a ver com o resto da proposta até que foi mais fácil. Talvez a letra que tenha dado mais trabalho tenha sido a mais simples de todas a ‘7.62’ por que eu não havia escrito praticamente nada dela até um dia antes da gravação do vocal (isso ocorreu com outras também), mas essa foi a que deu mais trabalho.

SHOCK BOX: E sobre o processo de gravação, como foi gravar no Hertz Studio, na Polônia? Quanto tempo demorou esse processo? E como era o esquema de trabalho com os irmãos Wieslawski?

M. Mictian: Foi muito interessante a principio as coisas por lá são muito profissionais, o cara simplesmente não chega e aperta o botão REC e foda-se, eles trabalham sempre auxiliando e mostrando a melhor maneira de fazer e gravar cada riff, cada detalhe da musica e da pra sentir logo de cara que algo muito bom no final da gravação vai acontecer e na verdade tínhamos certeza disso, pelos discos que já foram gravados e produzidos no Hertz, nós tínhamos em mãos um excelente disco e ele precisava de um estúdio e produtores que o transformassem em realidade.

SHOCK BOX: A banda já chegou com o álbum pronto e só gravou, ou os irmãos Wieslawski sugeriram algumas mudanças?

M. Mictian: O disco estava pronto, pois fizemos uma pré-produção aqui no Brasil, alguns detalhes como a forma de execução que mudou um pouco com as idéias dos produtores e que ajudaram e muito no final de tudo.
Eregion: Foi exatamente assim, chegamos com 100% das músicas compostas (exceto pelas letras), e na hora o que realmente eles “meteram a mão” foi na parte de execução dos instrumentos e timbragem e tal, mas na música em si, não tem nada deles.

SHOCK BOX: O álbum conta com a participação especial de Steven Tucker, ex-baixista do Morbid Angel, na faixa “Osmotic Haeresis”, como foi gravar com ele? Quem teve a idéia e como chegaram a ele?

M. Mictian: Eu o conheço pela internet já algum tempo, e nos tornamos eu diria amigos virtuais (risos), o Steven é um grande cara, gente muito boa e sempre elogiou nossas músicas e quando estávamos prontos pra gravar eu o convidei e ele atendeu prontamente eu fiquei muito feliz porque gosto muito do Morbid Angel e dos álbuns que ele gravou, a parte dele nos vocais foi gravada nos Estados Unidos e nos enviou pela internet.

SHOCK BOX: Mais uma curiosidade, agora sobre gravação: qual foi a “trabalhosa” deste processo? E o que aconteceu para ser eleita?

Eregion: Acho que nós estávamos tão bem preparados que tudo fluiu de uma maneira bem tranquila, em menos de 10 dias já estávamos com o disco inteiro gravado e com a mixagem praticamente pronta, talvez o que tenha dado um pouco de trabalho tenha sido a parte dos vocais, por que mesmo as músicas que já tinham letra eu ainda não tinha composto a linha vocal, e como eu fiquei 100% focado no processo de composição e gravação do instrumental acabei deixando pra muito em cima da hora a parte do vocal, mas eles já tem um processo de intercalar as gravações de baixo com as dos vocais, então quando eu terminava uma sessão de vocal, eu já ia escrevendo e arranjando a letra de uma outra música enquanto o baixo estava sendo gravado, isso ajudou bastante.

SHOCK BOX: Em todas as entrevistas, normalmente os músicos dizem que o álbum que estão lançando é o melhor da carreira, vocês também tem essa sensação? O que faz achar isso?

M. Mictian: Nós temos certeza absoluta que “Flagellum Dei” é o melhor de todos, eu posso te garantir que temos muito respeito e carinho por todos os álbuns que já gravamos, mas nenhum nos deixou tão contentes com o resultado final quanto esse novo álbum, no momento é sim o mais maduro, o mais profissional e completo que já fizemos.

Eregion: Realmente não tem como discordar dessa afirmação, devido a todo trabalho e a todo processo que tivemos que passar para chegar nesse resultado.

SHOCK BOX: A capa de “Flagellum Dei” é bem interessante, como vocês chegaram ao resultado final? Existiam alternativas?

Eregion: Tivemos algumas alternativas, umas cinco eu acho, algumas foram descartadas, outras reaproveitadas e rearranjadas em outras partes, mas basicamente a idéia toda fluiu com o nosso a amigo e parceiro Edu Nascimento (que também é nosso tatuador) ele desenvolveu os temas e as idéias, e eu dei o retoque final pra finalizar os arquivos.

SHOCK BOX: Vamos aos shows, turnês e promoções, o que a banda já tem agendado neste sentido?

M. Mictian: Bom, estamos numa negociação neste exato momento e não queremos adiantar nada antes que seja concretizado de verdade, mas isso é lá pra fora, aqui no Brasil com todo respeito que temos, mas é impossível de fazer turnê, as condições são precárias demais, infelizmente e a maioria dos “produtores” nos oferecem algo que não podemos aceitar.

SHOCK BOX: Planos para um vídeo clipe? Existe uma música escolhida para este trabalho?

Eregion: Temos planos para a música ‘Baptized In Blood’, mas como estamos esperando acertar outras negociações, isso é algo que no momento está em stand by.

SHOCK BOX: Depois de alguns meses focados no novo álbum: composição, ensaios, gravações, etc., vocês devem ter ouvido “Flagellum Dei” centenas de vezes, o que é normal. Mas chega um momento que é necessário ouvir algo diferente, o que você tem escutado de diferente?

M. Mictian: O foco principal é sempre metal mesmo apesar de gostar de muitas coisas fora do metal… Como Zé Ramalho e coisas do tipo, e estou sempre ouvindo bandas novas do underground brasileiro demos e afins mas também bandas pelo mundo todo e eu e Eregion estamos sempre ouvindo Fleshgod Apocalipse entre outras bandas novas.

Eregion: Eu realmente estou sempre procurando bandas novas, sempre com preferência pras nacionais, mas no momento não tem nenhuma que eu tenho achado algo realmente surpreendente, além do disco novo do Krisiun é claro, das bandas fora metal o que tenho escutando bastante é o Alice In Chains, e das de metal da nova safra o Fleshgod como Mictian disse, o Origin, Otargos, Misery Index, The Eternal Suffering, dentre outras.

SHOCK BOX: Gostaria de saber a opinião da banda sobre a Internet para o trabalho de vocês, até quando ajuda e até quando atrapalha.

M. Mictian: Tudo tem dois lados, é uma faca de dois gumes, hoje é com certeza mais fácil divulgar a banda, o trabalho, as músicas, mas de certa forma eu acho que estão nivelando por baixo, qualquer moleque grava no PC em casa e diz que tem uma banda compõe no “guitar pro” e pronto o cara é o Deus da guitarra, só que ao vivo as coisas não funcionam tão fácil e muitas destas bandas são virtuais. Os downloads também atrapalham as vendas, ou seja, o que ajuda também prejudica.

SHOCK BOX: Falando em internet, o grande assunto que está rolando atualmente é sobre algumas declarações que dizem que o público não respeita mais as bandas, não vão aos shows e que o Metal vai acabar no Brasil, outros dizem que não, que isso não passa de choradeira, enfim, o que você acha do atual cenário do Metal no Brasil e como o Unearthly está contido neste contesto?

Eregion: Não tem como Unearthly não estar contido nisso, nós somos afetados diretamente por isso, mas minha opinião sincera é que de fato o brasileiro tem a síndrome do vira-lata, como dizia o Nelson Rodrigues, o brasileiro só diz que é bom se algum gringo vier e dizer que de fato é bom. Mas de fato isso é algo que ocorre de tempos em tempos, durante certa época era o Dorsal com a música ‘Metal Desunido’, hoje é o Edu Falaschi, daqui a 10 anos será outro cara. A grande verdade é que aqui a cena não é profissional, desde produção a equipamentos, a roupas e visual das bandas, merchandise, transporte, casa de show, enfim são problemas infinitos, que pra mim vem da mesma fonte, a falta de “profissionalismo”. O metal infelizmente pra 99% é um hobby, uma coisa de adolescente, feita na marra, não era para ser assim. O Brasil tem problemas sérios incrustados na questão de educação, política e taxação de impostos que também servem de “agravante” para tudo o que eu disse.

SHOCK BOX: Agora vamos para o cenário internacional, como a banda está lá fora? Quais são os planos para conquistar outros países?

Eregion: Hoje estamos negociando o lançamento na Europa, estamos com o lançamento acertado para o Peru, agora no início do ano, e a agencia Deadset da Austrália, que está cuidado das nossas datas está fechando uma tour realmente grandiosa, que vai abranger o mundo todo, e de fato a nossa proposta é essa, dominar o mundo!

SHOCK BOX: Para terminar, vamos dar uma copiada na Roadie Crew: Qual último álbum que vocês compraram? Música que melhor define as suas carreiras? E, quais seus cinco melhores álbuns:

Eregion:
Último álbum que comprei: “The Bell Of Leprous” da banda Enterro
Música que melhor define minha carreira: ‘7.62’ do Unearthly
Cinco melhores álbuns:
Metallica – “Master Of Puppets”
Krisiun – “Conquerous Of Armaggedom”
Malefactor – “The Darkest Throne”
Borknagar – “Empiricism”
Ozzy Osbourne – “Ozzmosis”

M. Mictian:
Último álbum que comprei: “Blunt Force Trauma” do Cavalera Conspiracy
Música que melhor define minha carreira: ‘Embracement Of Eternal Darkness’ do Unearthly
Cinco melhores álbuns:
Sepultura – “Beneath The Remains”
Slayer – “Reign In Blood”
Dissection – “Storm Of Lights Bane”
Sarcófago – “The Laws Of Scourge”
Krisiun – “Assassination”

SHOCK BOX: Agradeço a atenção, volto a reforça que as portas da SHOCK BOX estão abertas para todos do Unearthly, e aproveito para novamente para dar parabéns ao trabalho da banda.

M.Mictian: Nós que agradecemos a você pelo apoio e por estar ao nosso lado!

Eregion: Exatamente, essa união e esse trabalho em conjunto é o que vai fazer a cena mudar um dia, esperamos levar cada vez mais longe o nome do Unearthly, e com certeza a SHOCK BOX estará conosco nessa.